Cada professor em sua disciplina é um multiplicador de conhecimentos e o xadrez pode ser desenvolvido em todas as disciplinas.
Dentro da compreensão e ensino do xadrez podem-se explorar todos os campos do ensino, usando o Xadrez como ferramenta pedagógica.
O Jogo de xadrez nas escolas tanto para os professores quanto para os alunos é de livre participação e os jogos acontecerão em atividades extras curriculares, fora do horário de aula.
Como um tabuleiro e um jogo de peças têm custo reduzido e muita durabilidade, lembramos que embora o xadrez possua quatorze séculos, muito está para ser feito no campo do procedimento de ensino-aprendizagem através dessa nova alternativa educacional, que se caracteriza como excelente meio de recreação e de formação do caráter dos jovens. (Referencial: MEC)
Inicialmente é de fundamental importância que os professores transmitam aos seus alunos os objetivos de trabalhar com o jogo de xadrez no ambiente escolar.
A prática do xadrez desenvolve habilidades tendo como destaque: memória, concentração, planejamento e tomadas de decisões.
A proposta pedagógica de inserir o jogo de xadrez no processo de ensino-aprendizagem tem como objetivo preparar o aluno para que o mesmo seja capaz de tomar decisões em situações que exigem o raciocínio rápido, e em busca de formar cidadãos íntegros através de uma atividade lúdica.
I Parte
O Xadrez como ferramenta de ensino
O Professor de Xadrez
O professor deve motivar o aluno a jogar xadrez por prazer, mais do que para vencer a qualquer custo. Ele deve mostrar aos seus alunos a riqueza das variantes e linhas de abertura, a criatividade do meio jogo e a lógica do final. Em poucas palavras, explorar a beleza do xadrez, ao invés de valorizar a glória da vitória.
É importante lembrar que o jogo vai além das questões acadêmicas. Estudá-lo estimula também a imaginação, o planejamento e trabalha valores como responsabilidade, autoconfiança, respeito ao adversário e paciência.
O professor de Xadrez Escolar não precisa ser um grande jogador, pois o que os alunos querem mesmo é jogar. O segredo é saber balancear o ensino com a diversão.
Um professor de xadrez deve ser, antes de tudo, um motivador. Motivação para jogar, para prestar atenção na aula e, talvez, para motivar alunos a treinarem sozinhos.
Uma importante tarefa do professor é saber em que fase do aprendizado os alunos se encontram e qual o próximo passo a ser dado. (Mario Vaz-Prof de Xadrez)
O Professor de Xadrez deve usar esta ferramenta para desenvolver os seguintes aspectos:
-autocontrole psicofísico
-avaliação da estrutura do problema e a distribuição do tempo disponível
-capacidade de pensar com abrangência e profundidade
-tenacidade e empenho no progresso contínuo
-criatividade e imaginação
-respeito à opinião do adversário
-estímulo à tomada de decisões com autonomia
-exercício do pensamento lógico, auto consistência e fluidez de raciocínio
(trecho retirado da obra de Marcelo Pereira Costa)
“O Xadrez é uma forma de produção intelectual que tem seu encanto peculiar”. A produção intelectual é uma das grandes satisfações - senão a maior - ao alcance do homem. “Nem todos podem compor uma peça musical inspirada ou construir uma ponte; no entanto, no Xadrez, todo mundo é intelectualmente produtivo e, portanto, cada pessoa que o pratica pode experimentar uma grande satisfação”.
(Dr. Siegbert Tarrasch)
O Xadrez nas escolas
A ideia básica de se levar o xadrez até as escolas reside no fato de ele ser um esporte pedagógico, auxiliando no desenvolvimento das demais disciplinas curriculares.
O imenso mérito do xadrez é que ele responde a uma das questões fundamentais do ensino moderno: dar a possibilidade de cada aluno progredir segundo seu próprio ritmo, valorizando assim a motivação pessoal do aluno.
Vantagens de aprender Xadrez
-O xadrez estimula o raciocínio lógico
- O xadrez ativa a concentração
- O xadrez desenvolve a tomada de decisões
- O xadrez aguça a memória
- O xadrez trabalha a paciência
- O xadrez demanda a capacidade de planejamento
- O xadrez aumenta a autoconfiança
- O xadrez proporciona o respeito ao adversário
- O xadrez exige responsabilidade
- O xadrez instiga a imaginação e a versatilidade
O jogo é uma excelente prática complementar, pois interage com diversas disciplinas escolares como a matemática, a história e até idiomas. "Ele é jogado há centenas de anos da mesma forma em vários países diferentes, o que permite um
conhecimento da história por meio da evolução do jogo. “Além disso, sua difusão pelo mundo permite a interação com jogadores de outros países que falam a linguagem do xadrez em seu idioma, o que facilita o aprendizado de cada língua”, diz Horácio Prol,
presidente da Federação Paulista de Xadrez.
"Apesar de complexo, qualquer um pode aprender o jogo, basta praticar e, para isso, não há idade", diz Antonio Carlos de Resende, do Colégio Albert Sabin. Saiba o que a criança pode aprender com o xadrez em cada faixa etária:
4 anos: histórias e desenhos de xadrez e jogos paralelos com xadrez reduzido (menor quantidade de peças),
6 anos: a criança aceita com mais tranquilidade os jogos com regras. Pode começar a aprender as do xadrez...
8 anos: começa o trabalho ainda de forma lúdica mas enfatizando a questão espacial e principalmente a concentração.
12 anos: análise de jogadas, desenvolvimento de raciocínio lógico.
14 anos: análise de partidas famosas de jogadores como Kasparov, Fisher, Anand, Gelfand, Karpov , etc para aumentar o repertório das crianças.
O Xadrez por ser um jogo de estratégia, contribui muito para a educação e aprendizado.
Muitas escolas pelo mundo afora estão adotando o xadrez como ferramenta pedagógica e os resultados até agora obtidos são extremamente satisfatórios, principalmente no ensino de matemática, história, geografia, ciências e língua portuguesa.
O Xadrez como atividade lúdica
Atividade lúdica é todo e qualquer movimento que tem como objetivo produzir prazer quando de sua execução, ou seja, divertir o praticante.
Sumariamente teríamos as seguintes características sobre elas:
-são brinquedos ou brincadeiras menos consistentes e mais livres de regras ou normas;
-são atividades que não visam a competição como objetivo principal, mas a realização de uma tarefa de forma prazerosa;
-existe sempre a presença de motivação para atingir os objetivos.
Visar o aprendizado dos alunos a despeito da competitividade é o mais importante. Os professores da
Universidade Católica de Brasília, em sua monografia "O xadrez
como ferramenta pedagógica complementar no ensino da
matemática", Cléber de Oliveira e José Eduardo Castilho pontuam
a necessidade do professor diferenciar a prática técnica e a
pedagógica.
"O que ocorre frequentemente é que os professores
utilizam livros que são escritos por jogadores de xadrez, fora do
contexto pedagógico. Esta visão técnica da aprendizagem do
xadrez vigora ainda hoje na grande maioria dos livros sobre o
assunto e isso, por melhor que sejam suas intenções, conduzirá os
professores a trabalharem o lado técnico do jogo".
O ideal é que o jogo seja "utilizado de forma a
desenvolver habilidades nas quais o estudante tenha dificuldades e
que comprometam o seu desempenho escolar", completa Cléber.
Na Educação Infantil, as atividades lúdicas são mais
empregadas no aprendizado das crianças de 0 a 5 anos de idade,
onde elas interagem umas com as outras, desempenham papéis
sociais (papai e mamãe), desenvolvem a imaginação, criatividade
e capacidade motora e de raciocínio. Alguns educadores julgam
necessário que as brincadeiras sejam direcionadas e possuam um
objetivo claro, sob o argumento de que são importantes no
desenvolvimento afetivo, motor, mental, intelectual, social, enfim
no desenvolvimento integral da criança.
A brincadeira é mais que passatempo, ela ajuda no
desenvolvimento, promovendo processos de socialização e
descoberta do mundo.
O Jogo de xadrez é um instrumento pedagógico
lúdico e potencializa o ensino-aprendizagem dialógico, empático e
impulsionador das competências e habilidades de forma interativa,
envolvente, autônoma, com participação qualitativa dos sujeitos
da comunidade escolar. A prática pedagógica dos professores com
o jogo de xadrez supostamente, pode deixar brechas no âmbito da
sua intervenção levando-se em consideração o processo de
formação no qual falta uma discussão pedagógica sobre o ensino
desse jogo, impossibilitando a elaboração de uma prática
metodológica para fundamentar o ensino do xadrez.
A prática do xadrez tem grande valor pedagógico.
Por ser um jogo que reproduz uma situação de
guerra, mas num contexto lúdico, no qual cada jogador tem de
criar as suas estratégias, essa atividade proporciona muito mais
que uma opção de lazer. Do ponto de vista pedagógico, é inegável
que este jogo estimula capacidades do desenvolvimento cognitivo
como raciocinar na busca dos meios adequados para alcançar um
fim; organizar uma variedade de elementos para uma finalidade;
imaginar concretamente situações futuras próximas; tomar
decisões vinculadas à resolução de problemas.
Existem formas diferentes de se praticar o xadrez e
nem todas atendem às necessidades encontradas pelo professor em
sala de aula. O xadrez voltado essencialmente para competições, e
o xadrez praticado como uma atividade lúdica não abrange todas
as exigências educacionais necessárias para que o estudante tenha
um bom rendimento escolar. Logo é preciso que se trabalhe com
este jogo de forma pedagógica para que seja capaz de desenvolver
educacionalmente as crianças (Rezende, 2005).
O Xadrez lúdico é utilizado como uma distração no qual o
enfoque seria apenas o lazer e a diversão. Este enfoque tem sua
importância, pois quando a criança inicia a sua vida de estudante,
normalmente, ela tem que interromper suas atividades cotidianas e
muitas vezes a criança não se adapta aos compromissos que a
escola propõe, comprometendo seu rendimento escolar. O aspecto
lúdico poderia ajudar a criança a superar essas dificuldades
enquanto ela compreende essa mudança de hábitos em sua vida.
O Xadrez como atividade esportiva
Nas últimas décadas o xadrez ressurge como esporte,
posição contestada, anteriormente, pela provável ausência do
aspecto físico na sua prática. Nas olimpíadas de Sidney é aceito
como esporte de demonstração e será reintegrado definitivamente
às competições que valem medalhas a partir de 2004 em Atenas.
Esta conquista do mundo enxadrístico deve-se, na sua essência, ao
abrupto aumento do número de praticantes do xadrez após a
popularização da Internet. O esporte por ser de fácil acesso,
necessita apenas de um tabuleiro e de um jogo de peças para ser
praticado, é amplamente praticado na rede mundial de
computadores atraindo adeptos de todo o mundo.
Para a inclusão do xadrez nas Olimpíadas de Verão, a modalidade
necessitou comprovar seu aspecto esportivo, a fim de convencer o
COI (Comitê Olímpico Internacional) de que realmente era um
esporte. Para tanto foram realizados estudos que comprovaram o
xadrez como atividade física, sendo que, monitorados os
batimentos cardíacos de jogadores em partidas de xadrez
relâmpago, o resultado foi surpreendente. No ápice da disputa
alguns jogadores apresentavam níveis de batimento cardíaco
comparados ao de um corredor ao final da prova. Os altos níveis
de atividade cerebral, o aumento da circulação sanguínea, da
liberação hormonal e a movimentação, principalmente dos
membros superiores, exigem do enxadrista uma boa capacidade
física e sobretudo motora. Há de se salientar também o aspecto
postural e emocional, trabalhados constantemente durante o jogo.
Outro aspecto que reforça o xadrez como esporte é a parte
financeira. Os torneios em todo mundo movimentam, segundo a
FIDE, cerca de 20 bilhões de dólares por ano. Tanto dinheiro
causa muitas intrigas entre os jogadores profissionais. O ex campeão
mundial Gary Kasparov, após desavenças financeiras,
rompeu os laços com a FIDE (Federation Internacional Des
Échecs) e criou a PCA (Professional Chess Association), que logo
depois transformou-se em WCC (World Chess Company). O
Russo Kasparov alega que a FIDE retém as verbas dos jogadores,
cartelizando o sistema de premiações. Entretanto ele não parece
disposto a reatar laços com a entidade, pois indica ter descoberto
uma mina de dinheiro ao entrar na ala financeira da promoção do
xadrez. No final da década de noventa Kasparov assinou contrato
com a IBM, de Bill Gates. O russo jogaria a cada ano um match
contra um supercomputador da empresa a fim de promover o
equipamento e a marca até ser derrotado. Nas três primeiras
oportunidades Kasparov venceu com muita facilidade, porém na
quarta vez, a IBM montou Deepblue, um monstro de silício que
chegava a processar cerca de 200 bilhões de posições a cada
segundo. O marketing sobre a disputa foi enorme, a IBM passava
por um processo judicial e enfrentava novo concorrente. Só a
vitória interessava à empresa. Após as primeiras partidas Bill
Gates e seus assessores perceberam que o supercomputador não
venceria Kasparov. Dizem que ofereceram-lhe então um cachê de
10 milhões de dólares para o russo perder. Kasparov aceitou, o
mundo enxadrístico vaiou, ficando claro que o russo havia
entregado as partidas. Entretanto a IBM alcançou seu objetivo e
ganhou fôlego no mercado, sendo que no dia da vitória de
Deepblue suas ações recuperaram-se de grande queda que vinham
sofrendo gradualmente. Este é apenas um dos eventos que
mostram a importância do xadrez como elemento de Marketing.
Por estar relacionado à inteligência subjetiva e à esperteza, o
xadrez é sempre procurado para promover algum produto que se
relacione a estes dois elementos. ( site www.cdof.com.br)
O Xadrez é um desporto porquê:
-é um jogo
-é uma competição
-é uma atividade de alto rendimento
-proporciona o sentimento de superar a si próprio e ao seu
adversário
-há desgaste físico e mental
-é praticado por milhões de pessoas
-é baseado em regras
-possui uma entidade reguladora (FIDE)
O Xadrez como ferramenta pedagógica
O jogo de xadrez é considerado pelos estudiosos
como um importante instrumento pedagógico que pode ajudar
bastante no desenvolvimento da relação ensino-aprendizagem nas
escolas.
A prática enxadrística estimula o desenvolvimento
de habilidades cognitivas como atenção, concentração, raciocínio
lógico, memória, organização de ideias, imaginação, antecipação,
espírito de decisão, autocontrole, disciplina, perseverança etc.
Para Antonio Villar Marques de Sá, Professor
Associado da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
e um dos maiores especialistas em Pedagogia Enxadrística do
Brasil, o xadrez, por se tratar de um jogo complexo, é uma das
melhores atividades para desenvolver a capacidade intelectual dos
jovens.
“As crianças se desenvolvem muito bem no xadrez,
apesar do estereótipo de que o xadrez é uma atividade para
pessoas muito inteligentes ou ricas. É uma atividade muito
socializadora. Pode ser trabalhada com pessoas de todas as classes
sociais, de qualquer idade, sexo, portadores de deficiências...
Para o professor de Matemática e funcionário do
NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional) de Itaperuna (RJ),
Jorge Wilson Martins da Rocha, o xadrez deve ser utilizado sim
como ferramenta pedagógica nas escolas, mas deve ser ensinado
tanto por um jogador, que vai mostrar como se joga, quanto por
um professor, que irá desenvolver o lado pedagógico da atividade.
É fundamental a mescla entre o conhecimento pedagógico e o
conhecimento específico do xadrez para que se obtenham bons
resultados.
O Xadrez Pedagógico otimiza as habilidades
cognativas e intermedia o diálogo entre diversas disciplinas.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defendia uma
educação através do contato com a natureza e propunha o uso de
jogos, brinquedos, esportes, instrumentos variados, linguagem,
música e Matemática (Geometria), em substituição à uma
disciplina rígida e o uso excessivo da memória.
É preciso combater o excesso de exercícios que,
como um cancro, acaba por destruir o que pode haver de nobre e
vital no ensino. É preciso evitar certos exercícios artificiosos ou
complicados, especialmente em assuntos simples. É mais
importante refletir sobre o mesmo exercício que tenha interesse,
do que resolver vários exercícios diferentes, que não tenham
interesse nenhum. Entre os exercícios que podem ter mais
interesse figuram aqueles que se aplicam a situações reais,
concretas.(José S. Silva)
O Xadrez é um bom exemplo que pode e deve ser aplicado no
ensino de várias disciplinas.
Interdisciplinaridade
Trata-se de um movimento, um conceito e uma
prática que está em processo de construção e desenvolvimento
dentro das ciências e do ensino das ciências, sendo estes, dois
campos distintos nos quais a interdisciplinaridade se faz presente.
Definir um objeto que está em construção,
coexistindo com aquele que o estuda é uma tarefa difícil e até
certo ponto parcial, uma vez que este objeto está se transformando
e se alterando, assim, toda discussão sobre interdisciplinaridade é
passível de análise comparativa com o material contemporâneo
sobre o tema até que este esteja melhor desenvolvido e articulado,
muito mais pela prática do que pela teoria, uma vez que a
interdisciplinaridade esta acontecendo, e a partir disso, uma teoria
tem sido desenvolvida.
Um estudo epistemológico é proveitoso para a
delimitação do tema: Existem quatro palavras que são
particularmente relacionadas entre si e todas delimitam uma
abordagem cientifica e educacional:
Pluridisciplinaridade; Multidisciplinaridade; Interdis
ciplinaridade e Transdisciplinaridade.
O que há em comum nestas palavras é a
palavra disciplinaridade/disciplina, que deve ser entendida como
aquelas "fatias" dos estudos científicos e das disciplinas escolares,
tais como matemática, biologia, ciências naturais, história, etc. e
de um esforço em superar tudo o que esta relacionado ao conceito
de disciplina. Assim, interdisciplinaridade é parte de um
movimento que busca a superação da disciplinaridade.(
Interdisciplinaridade e integração dos saberes pdf-document)
Muito se tem falado em interdisciplinaridade. Esta
palavra passa a fazer parte de muitos documentos oficiais, como o
caso dos PCNs, sem que se esclareça suficientemente o que se
entende ou pretende com seu uso. Parece, algumas vezes, que a
interdisciplinaridade poderá resolver todos os problemas da
educação, como em outros tempos ocorreu com outros termos ou
expressões, como o construtivismo, ou a educação libertadora,
com a educação popular, etc. Ou seja, a apropriação da
terminologia técnica se dá sem o cuidado ou aprofundamento
necessários, levando muitas vezes a um esvaziamento do
significado do termo em questão.
Dentro de cada disciplina há necessidades ou
habilidades que precisam ser desenvolvidas, tais como: a leitura e
interpretação, o registro escrito, a compreensão de mapas,
gráficos, grandezas numéricas, ordenações, etc., que perpassam
todas as disciplinas e que, sem forçar uma relação, podem ser
trabalhadas de forma conjunta. Podemos também eleger uma
temática (Tema Gerador) que pode ser trabalhada pelas diferentes
disciplinas. A metodologia de projetos se presta muito a isso. Os
temas transversais propostos pelo governo também podem
facilitar esta articulação entre as disciplinas. Os temas
transversais: Meio Ambiente, Ética, Saúde e Orientação Sexual,
por exemplo, podem e é desejável que sejam trabalhados de forma
interdisciplinar.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio – Parecer CEB/CNB no. 15/98, instituídas pela Resolução
nº. 4/98, entre outras disposições, determinam que os currículos se
organizem em áreas – “a base nacional comum dos currículos do
ensino médio será organizada em áreas de conhecimento” –
estruturadas pelos princípios pedagógicos da interdisciplinaridade,
da contextualização, da identidade, da diversidade e autonomia,
redefinindo, de modo radical, a forma como têm sido realizadas a
seleção e organização de conteúdos e a definição de metodologias
nas escolas em nosso país.
A ideia de interdisciplinaridade dá a entender não
uma “coisa”, mas uma relação entre “coisas”. Pretende ser uma
oportunidade para ultrapassar fronteiras e limitações disciplinares,
aproveitando conceitos e recursos de outras áreas, conotando
flexibilidade e mobilidade, por oposição a rigidez e estabilidade.
A organização, distribuição e dinâmica das
disciplinas de conhecimento em nossa cultura constituem processo
complexo e, embora este tenda a se considerar igualitário e
equânime, opera na verdade a partir de valorações diferenciais
bem nítidas, de demarcações hierárquicas dos saberes, de suas
prerrogativas acadêmicas, de seus privilégios institucionais, de
suas prioridades estratégicas para as nações e instituições a que
servem.
Tal processo não é novo e presidiu mesmo a essa
grande divisão, ocorrida no século 19, entre as ciências naturais,
experimentais, hard, e as ciências humanas, interpretativas, soft.
As últimas, entre as quais a antropologia sociocultural, só se
consolidaram tardiamente, muitas vezes em reação às ambições
epifenomenistas, reducionistas, de suas irmãs mais velhas,
firmemente ancoradas na aliança entre empirismo e iluminismo
que marcou o advento da ciência moderna no século 17.