TÁTICA
Por um longo tempo acreditou-se que o mais importante era dar mate ao rei logo no começo do jogo. Os jogadores eram grandes atacantes e tinham um rico conhecimento de armadilhas e ciladas de aberturas que só eram possíveis graças aos erros do oponente. Com o tempo percebeu-se que isso era errado, pois se houvesse uma defesa correta, as armadilhas não funcionariam e podiam, em certos casos, prejudicar o próprio jogador.
Assim, para combater o adversário era preciso pensar, não somente no melhor lance para si mesmo, mas imaginar qual seria a melhor resposta para ele. Desse modo as ciladas não eram mais tão eficientes, era necessário saber atacar e defender ao mesmo tempo. Os planos feitos por um jogador eram prejudicados pelos planos do adversário e vice-versa. Formou-se assim uma luta tática no meio-jogo, pois era necessário fazer com que o adversário, mesmo com seu melhor lance, não pudesse evitar que os planos fossem cumpridos.
O elemento mais conhecido da tática é a combinação, que é o que estudaremos.
"se partimos do ponto de vista que por estratégia se entende estabelecer um plano e por tática realizá-lo, então a combinação deve ser considerada como a mais alta manifestação de tática. Por combinação se cria uma etapa especial e curta da partida onde se atinge forçado um objetivo precioso. Nesta etapa da partida os lances formam uma seqüência lógica e se encontram numa ligação indissolúvel um após o outro"
Max Euwe
O elemento estético é também um fator importante nas combinações. A combinação representa de fato, uma resolução rápida, precisa e definitiva do problema estratégico contido na posição. Em geral, as mais bonitas combinações contêm normalmente sacrifícios diversos. Existem, entretanto, combinações sem sacrifícios, mas, neste caso, o complexo de lances deve ser forçado e deve produzir uma impressão estética.
A manobra tática significa exatamente este caso onde temos um objetivo claro realizado através de lances forçados, mas onde não se produz o sacrifício. Geralmente recebe o nome de seqüência forçada.
Exemplo de combinação:
Botwinnik - Capablanca (Amsterdã - 1938)
Botwinnik teria a possibilidade de jogar uma forte manobra 1.Ce2 seguido de 2.Cf4 com excelentes possibilidades. Em vez disto começou uma combinação com sacrifícios, calculando mais de dez lances, sendo este não só o mais bonito mas também o mais efetivo meio de obter-se a vitória. 1.Ba3!! Dxa3 2.Ch5+! gxh5 3.Dg5+ Rf8 4.Dxf6+ Rg8 5.e7! Dc1+ 6.Rf2 Dc2+ 7.Rg3 Dd3+ 8.Rh4 De4+ 9.Rxh5 De7+ 10.Rh4 De4+ 11.g4! De1+ 12.Rh5 e as pretas abandonaram.
Exemplo de seqüência forçada:
Capablanca - Yates
Capablanca começa agora uma instrutiva manobra forçada 1.Cc3 Tc5 2.Ce4 Tb5 3.Ced6 Tc5 4.Cb7 Tc7 5.Cbxa5. O objetivo dessa manobra era ganhar o peão de a5. O que foi realizado com uma seqüência de lances forçados, sem sacrifícios que na totalidade reduziu uma impressão estética.